segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Como Manaus se tornou sede da copa do mundo

Este post foi originalmente publicado em www.oavesso.com.br/omalfazejo


A escolha de Manaus como sede da copa antecede a atual gestão do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e, por conseqüência, a do presidente da Federação Amazonense de Futebol (FAF). É uma prova de como andam entrelaçados os interesses políticos e os esportivos são deixados de lado.

Teixeira domina com mão-de-ferro o futebol brasileiro há muito tempo. Distribuindo mimos aos presidentes de federações mais periféricas como a do Amazonas e atendendo aos interesses das mais abonadas como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas e Rio Grande do Sul, se reelegeu com facilidade e fez algo um pouco mais grotesco, do ponto de vista jurídico e ético.

Com o mandato expirando em 2012, terá ele automaticamente extendido até 2014. Isso foi decidido em 2007, quando da última eleição realizada durante a Aseembléia Geral da entidade. Os outros dirigentes, incluindo o do Amazonas, copiaram a fórmula e também tiveram seus mandatos igualmente dilatados. Teixeira argumentou que uma mudança de comando poderia alterar o calendário estipulado pela Fifa para ter o seu caderno de intenções estipulados aos países, e por conseqüência as cidades-sedes, atendidos.

Já se sabia, antes mesmo do mundial de 2006 na Alemanha, devido ao rodízio de continentes imposto pela Fifa para sediar as copas, que sairia do continente americano o país-sede de 2014. Os atentados de 2001 aos EUA os tiraram do páreo no quesito segurança. Disputar com a Venezuela seria pule de dez para o Brasil vencer este páreo fácil. Teixeira, raposa felpuda e melhor cria de João Havelange, tinha conhecimento disso e pensou em se manter no poder um tempo mais.

Com esta informação na mão e com os votos de todos os presidentes de federações no bolso, Teixeira não teve dificuldades em fazer as mudanças necessárias no estatuto. Francisco das Chagas Valério Tomáz, o Dissica, também querendo ganhar alguns pontos no cenário político do Amazonas, se articulou com o governador Eduardo Braga para que Manaus fosse sub-sede. Com o discurso de ecologista de primeira linha, aproveitando a fama de pólo industrial sem chaminés, e portanto não poluidor, e mais o fato de não se ter investido no interior nada nos últimos 43 anos, daí o baixo índice de desmatamento, não foi difícil formatar o discurso de esta ser a Copa Ecológica.

Não à toa Braga foi defender a candidatura, única aliás, para o Brasil sediar a copa de 2014, na Suiça. Manaus já estava definida como subsede. Isto já tinha virado moeda de troca. Em 2008 houve apenas a homologação da escolha. Mais motivo para gastar uma fortuna em uma campanha de publicidade desnecessária. Como se ainda houvesse alguma dúvida de que Manaus não seria subsede. Talvez não seja, mas não por falta de manobras políticas para isto se tornar realidade. Talvez Manaus não seja em função do não cumprimento das exigências da Fifa. Mas isto, pouco vai importar para quem já amealhou uma pequena fortuna em alimentar as frustrações deste povo amazonense.


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O tempo é outro senhor!


Até bem pouco tempo atrás, antes de as mídias sociais virarem uma verdadeira febre, o fluxo de informações era basicamente o que o poder público permitisse sair. Sim, era, e ainda é, uma censura nem sempre velada, mas acontece.
A grosso modo, pode ser feito um processo evolutivo. Nos anos de chumbo, acontecia assim: os censores iam nos veículos de comunicação e diziam que não podiam dar a matéria da bomba que ia explodir em uma banca ou em uma escola em determinado horário. A notícia era censurada antes de acontecer.

Depois a censura passou a ser política, com os veículos não podendo apoiar este ou aquele candidato e, portanto, não deveria divulgar um evento em que a pessoa estivesse participando.

Por outro lado, a sociedade foi se organizando e ocupando os seus espaços, realizando manifestações, mesmo que pagando um preço alto, com vidas, perda de liberdade e, na minha opinião, o mais cruel de todos os castigos: ser degredado, mandado embora de sua nação e de perto das pessoas que se ama. Foi assim desde os festivais de música até as greves dos metalúrgicos em São Paulo, diretas já e, mais tarde, o Fora Collor.

Pode parecer romantismo, mas não é. Digo isso com a propriedade de quem brigou enfrentando a polícia pela meia passagem em meados dos anos 80, o comício das diretas, apoio à campanha dos professores e depois a luta pela democratização na comunicação, defendendo as rádios comunitárias no começo dos anos 90.

Enquanto isso, sempre que possível o poder constituído arranja um jeito de tentar dificultar o acesso da população às informações. Ultimamente era o poder econômico, tendo em vista que as verbas publicitárias tiveram suas fatias devidamente engordadas nos últimos anos e ainda é uma poderosa ferramenta para que os meios de comunicação ao menos dessem uma aliviada nas notícias, quando saírem.

Só que os avanços tecnológicos provocaram uma ampliação do acesso à informação, senão da maioria da população, mas ao menos nos setores mais críticos. Com o advento da internet, este processo se acelerou e ganhou proporções inusitadas após o surgimento das redes sociais.
O caso da derrubada de Rosni Mubarak, no Egito, e, localmente, no tétrico "então morra. morra", do prefeito de Manaus, Amazonino Mendes.

O vídeo, inicialmente mostrado em uma versão editada de um minuto, mostra o quanto a arrogância e a prepotência de uma figura pública. Caiu na rede e logo virou o assunto das mídias sociais em Manaus. A Secretaria Municipal de Comunicação tentou consertar colocando o vídeo na íntegra e acionou os meios de comunicação para que a idéia de que as frases infelizes perdessem força ao se alegar que foram usadas fora de contexto.

Se Manaus tivesse uma internet de qualidade, o vídeo poderia ter sido mostrado no íntegra e não a versão editada. Na versão integral, o concerto saiu pior que o soneto. Ficou mais evidente a estupidez com que o prefeito trata seu eleitorado. Do ignorar os apelos dos moradores, que aguardavam até com alegria, e isto pode ser ouvido pelo ensaio de um "Amazonino, cadê você", passando pelo "não diga besteira".

E quem ver o vídeo na íntegra, vai perceber as contradições de Amazonino, que chega dizendo que não dinheiro, não tem lugar, não tem material, fez a besteira, e saiu prometendo que ia ser o pai daquela comunidade, que ia dar madeira, lugar e, por fim, dizendo que "quem vai invadir é o Negão". Mas essa análise só se torna possível porque ao dar acesso à informação completa, deu a opotunidade de encaminhar a veículos de comunicação da chamada grande mídia, ganhando repercussão de proporções nacionais e mundiais.

É uma pena que o Amazonas, um estado que traz em seu currículo algumas conquistas consideráveis como ter sido o primeiro estado a abolir a escravidão quatro anos antes de a Princesa Isabel assinar a lei Áurea, o primeiro a fazer uma greve no país, o primeiro a ter iluminação pública, a ter um cabo transcontinental ligando Manaus a Londres para ter a cotação da borracha, ainda tenha que depender dos veículos de massa de São Paulo e Rio de Janeiro, para que estes desmandos e rompantes de arrogância e prepotência sejam mostrados.

Após as mídias sociais, os meios de comunicação, sobretudo os provincianos, têm que se reinventar e se adaptar a esta nova realidade. Mais ainda quando o acesso à internet, que hoje pode ser feito pelo telefone celular, for popularizado. O morador desabrigado da Zona Leste dirá, via tuíter, para o prefeito ou governador: O tempo é outro senhor!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Descontruindo um discurso com mentiras

Nos poucos momentos da manhã que eu me dedico a ver televisão, sempre que posso procuro ver o que fazem nossos representantes. Na manhã desta segunda-feira, 21 de fevereiro, já ouço de cara a reclamação do meu irmão de que cortaram a transmissão de um especial sobre o Teatro Amazonas para a sessão da Câmara Municipal de Manaus.

Eu como gosto de política, fui assistir no quarto enquanto meu irmao buscava algo mais interessante para assistir. Não, ele não é alienado, apenas não tem paciência para as sandices ditas nos parlamentos. E ele tem razão!

Vi o vereador Mário Frota, alegando defender-se da tribuna de ofensas que o presidente da Superintendência de Transportes Urbanos de Manaus, Marcos Cavalcante, teria feito a ele no programa da Baby Rizzato, na TV A Crítica, em relação ao fato de o edil ter entrado com uma ação para que a licitação dos transportes coletivos fosse alterada para que as cooperativas de transportes pudessem participar do processo, respaldado por uma lei federal sancionada pelo presidente Lula no dia 15 de dezembro.

As cooperativas, já anunciou Marcos Cavalcante, ficarão de fora da licitação por uma razão muito simples: no final de 2009, Amazonino tentou aumentar a tarifa do serviço de transporte executivo de R$ 2,50 para R$ 3,00. As cooperativas, como não visam lucro, se negaram a aumetar a tarifa e, depois de dois dias, conseguiram fazer com que Amazonino recuasse e retornasse à tarifa anterior. Duas semanas depois, após ameaçar tirar a concessão das cooperativas, Amazonino conseguiu que a tarifa fosse para R$ 3,0o para beneficiar duas emrpesa e prejudicar uma boa parte da população!

Até aí nada demais, mas o que veio depois foi um achincalhe à inteligência de qualquer um. O vereador Homero de Miranda Leão Neto, presidente da Frente Parlamentar Cooperativista de Manaus (Frencoop Manaus), deveria endossar a palavra de Frota, mas ao contrário, atacou como se ele estivesse condenando todo o processo licitatório, no que foi acompanhado logo a seguir peloo vereador Leonel Feitosa, ambos da base governista.

Ambos, Homero Neto e Feitosa distorceram o que Frota falou e, ao ouvir o vereador do PDT pedir direito de resposta, tentaram cercear a réplica a que tinha direito com a seguinte argumentação: ele não teria direito por ter sido citado, caso contrário teriam que dar direito de resposta até ao dizer bom dias aos outros colegas.

O fato é que, sem ter argumentos para defender, usaram a mais antiga e vil das táticas: desqualificação do crítico! essa estratégia, hoje em dia, se mostra tão ineficiente quanto um ato de desespero. Não foi ele quem disse que as cooperativas estariam fora da licitação, assim como não foi ele quem disse que as cooperativas tem o direito garantido por lei federal de participar deste processo. Mas foi o desqualificado! Ou pelo menos tentaram! Homero Neto, por ser da base aliada e, sobretudo, por ser presidente da Frencoop Manaus, tem a obrigação de apoiar e pedir a revisão do edital. E não atacar quem defende esta tese! Assim se faz política em Manaus!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Encalhados no porto de R$ 26 milhões

Tem certas coisas que quando conto para amigos e conhecidos de outros estados eles dificilmente acreditam no primeiro momento. Neste dia 16 estava voltando do Castanho e, como estava vindo de carro com um amigo, tivemos que esperar a balsa das 18h porque perdemos a que acabara de sair às 17h. Na verdade, por não ter fiscalização nenhuma, acabou sendo a balsa das 19h que saiu às 19h30.

Neste intervalo de espera, ficamos conversando e de repente me dei conta de que tinha uma obra parada ali. Era um dos 42 portos que tiveram verba liberada pelo Ministério dos Transportes para o Governo do Estado e sei quantos que não saíram da prancheta. A obra foi iniciada em março de 2009 e com previsão de entrega para as vésperas das eleições de 2010. Até aí tudo bem, porque deveria haver um acordo sobre quem seria candidato e apoiaria o outro no pleito.

No entanto, quis o destino que os caminhos tanto do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e do então governador Eduardo Braga, fossem para lados opostos. Com a relação azedada entre os dois, a obra, de grande importância para a melhoria da qualidade dos serviços que atendem pelo menos os municípios de Careiro da Várzea, Autazes, Manaquiri e Castanho, andou a passos de tartaruga. Aliás, deixemos o quelônio amazônida de lado que ele não tem nada a ver com isso. A obra simplesmente parou, mesmo os recursos da ordem de R$ 26 milões já tendo sido liberados.

Reparem no tempo decorrido: a obra iniciou em março de 2009, deveria ter sido entregue em 2010 e, em meados de fevereiro, ainda não passou de um monte de areia que alguns moradores aproveitam para fazer as suas pequenas obras ou reparos em casa. Ninguém me disse isso não, eu vi com estes olhos que hão de virar pedra!

A obra é de grande importância para a população, renderia votos para ambos os lados, já que Alfredo Nascimento saiu candidato para o governo e Braga saiu para o Senado. A bem da verdade uma inversão de papéis! Ma o pensamento político de Braga, que apoiou o vice Omar, foi além: não basta vencer e fazer vencer o seu candidato, tem que inviabilizar de todas as formas os adversários. E isto foi feito sem levar em consideração que a população daqueles municípios seriam, e foram, prejudicadas.

Recorrentemente vejo queixas, no Twitter, de usuários das balsas do Porto de São Raimundo. Na televisão e jornais, sempre que há um feriado prolongado aquela pauta batida nas saídas da cidade mostram que, pelo menos ali no São Raimundo, melhorou alguma coisa, mas o sufoco ainda continua o mesmo. Se bem que com a construção da ponte, ainda sem data para ser inaugurada, praticamente eliminará aquele porto que custou R$ 22 milhões.

Agora, muito se fala em ética na política, em um nova forma de administrar, em levar desenvolvimento para o interior, mas tudo isso não passa de discurso vazio e promessas de campanha. O Ministério Público faz vistas grossas e ouvido de mercador e deixa passar batido isso tudo, como se tudo estivesse tranquilo. Vale lembrar que é uma obra com recursos federais, portando cabe fiscalização do Ministério Público Federal.

Durante a campanha não se viu nos horários eleitorais de cada candidato a discussão do tema. Nem Alfredo foi mais contundente na cobranças das obras que ele liberou o recurso e nem Braga fes estardalhaço nestas ações. Fizeram o velho jogo de compadre.

No que isso vai dar eu não sei, mas que dá uma vergonha extrema de ver este tipo de coisa acontecendo, nem preciso repetir, já que sempre digo isso. Mas o momento de trazer o asunto á baila e fazer a minha parte de cidadão. A você, cabe também divulgar e discutir, no salão de beleza ou no boteco da esquina, não apenas este tema como também outros. Afinal de contas, você paga altos impostos para que obras sejam feitas. Mas feitas de verdade.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Isto não é mera coincidência!


Texto originalmente publicado no www.naosenhor.com.br



Vocês já devem ter visto no encerramento das novelas e filmes uma aviso dos produtores de que a história contada não é verídica e que, em caso de nomes e fatos serem parecidos, são mera coincidência. Nestes dias me aparece no twitter uma figura chamada @bia_matos com as coisas bem típicas de uma figura nefasta que já foi desmascarada outras vezes. Vejam e digam o que pensam!

Por Robson Franco

Quando aparece uma pessoa te seguindo no twitter, você normalmente ficaria muito feliz com isto, não é mesmo? Mas em se tratando de período eleitoral e como já anunciado ano passado pelo pesquisador batedor de tambores, surgiriam vários fakes criados para fazer o jogo sujo da campanha eleitoral. Pois ele estava certo! Não sei se por saber da estratégia que seria usada pelo seu contratante, ou se por saber que a estratégia usada pelo seu contratante seria feita por outros contratados! Tanto faz, vai dar no mesmo!

Pois bem! Para dar um bom exemplo do que acontece, nos últimos dois dias comecei a ser seguido por uma pessoa que tem o perfil no twitter de @bia_matos Visivelmente uma recruta eleitoral do Omar, me questionando sobre o meu posicionamento nesta campanha, querendo me convencer a votar no candidato governista! Agora, usando os argumentos mais estapafúrdios como a biografia do candidato e a sua competência. Nem vou entrar o mérito desta discussão. Lorde caboco que sou, a convidei para tomar um baré em lata em um local onde todos sabem que eu frequento: o Vanilla Caffe!

Até hoje ela não apareceu, senão em uma visível falta de educação, mas talvez porque como perfil fake, não poderia ir ao encontro por razões óbvias! Pode ser que eu esteja enganado e isto tudo seja apenas uma mera coincidência pois, ao mesmo tempo em que era postado um comentário em um post do @ismaelbneto em seu blog O Malfazejo, por uma pessoa chamada Wagner Lemos, também era tuitado um texto bem idêntico pela @bia_matos!

Na primeira foto acima vocês verão o comentário da @bia_matos no twitter e logo a seguir o comentário no post do Ismael, com o mesmo teor e praticamente as mesmas palavras, só diferenciando que nos comentários você tem bem mais que os 140 caracteres da timeline!
Mas isto tudo pode ser mera coincidência!

Como cometer um estelionato eleitoral

Estelionato é, de acordo com artigo 171 do Código Penal Brasileiro, quando você obtém para si ou para outrem vantagem ilícita.

É o que acontecerá nas eleições deste ano para o senado, caso Eduardo Braga seja eleito para um mandato de oito anos, mas permanecer no cargo apenas até 2012, deixando-o para disputar a Prefeitura de Manaus. Pra ser o prefeito da Copa 2014! Se liga eleitor!

Por Robson Franco

Estelionato

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Assim se define o crime de estelionato no Código Penal Brasileiro (CPB). Claro e naturalmente não estão previstos no CPB os casos de estelionato eleitoral, mas bem que poderiam! Naturalmente seria um deus nos acuda caso alguém propusesse esta lei e esta dificilmente seria aprovada!

O candidato favoritíssimo ao senado pelo PMDB, Eduardo Braga, está fazendo exatamente isso!

Será eleito agora, disputará a prefeitura em 2012, com grandes possibilidades de se eleger e, deixará seis anos de mandato no Senado, para o seu segundo suplente: Lirio Parisotto, que é nada mais , nada menos, o proprietário de uma empresa do Pólo Industrial de Manaus (PIM). A primeira suplente de Braga é a própria esposa, Sandra Braga. Alguém aí duvida se, caso eleito, Braga não chamaria a primeira-dama para ocupar uma secretaria na prefeitura, deixando a vaga no Senado para o empresário e segundo suplente?

Eu penso da seguinte forma: o candidato ao Senado deveria firmar um compromisso público de ir até o final de seu mandato. Cabe a nós, eleitores e cidadãos, cobrar isso deles e temos que fazer isso agora. Porque caso contrário, vamos ver se repetindo o que já aconteceu antes em um passado não distante, quando o segundo suplente do finado Gilberto Mestrinho assumiu. Quem era? Simplesmente Gilberto Miranda.

Os prejuizos podem ser enormes! Imagine um empresário ligado aos interesses de quem quer destruir a Zona Franca de Manaus assumindo uma vaga no Senado? É uma temeridade! Mais que isto: se um candidato se elege prometendo ir até o final do mandato e não vai, como confiar que vai realizar as promessas feitas durante a campanha? Ok gente, estou pedindo demais, mas os outros candidatos a senado deveriam cobrar isso dele!

Eu estou aqui fazendo a minha parte: candidato ao senado Eduardo Braga, o senhor vai cumprir o seu mandato de oito anos?

A força do interior!

Manaus, esta cidade-estado, tem uma importância fundamental não apenas na economia do Amazonas, mas também no âmbito político. Nestas eleições, no entanto, terá a forte concorrência do interior. Com o acesso à informação, os mais longes rincões estão mais antenados no que acontece na capital e vice-versa!

Por Robson Franco

Estava dando uma olhando os jornais velhos e me chamou a atenção o título de uma manchete: “Omar diz que fez mais em seis meses que Alfredo em sete anos”. Até aí nada demais porque quem tem boca vaia Roma e fala a bobagem que quiser. Inclusive eu! Até mesmo porque papel e gravador aceitam tudo mesmo! Mas mostra algo que precisamos sempre estar atentos!

Já faz tempo que ouço várias pessoas, de várias camadas da sociedade, falando do exagero que é a campanha institucional do governo do Estado. Quem vem de fora ou chegou há pouco tempo em Manaus, há de pensar que está tudo as mil maravilhas no Amazonas. Não que esteja ruim, bem longe disso, levando em consideração outros estados vizinhos e da vizinha região Nordeste. Mas tem algumas coisas que não devem deixar de ser registradas.

Poderia falar de violência, transporte coletivo, Copa 2014, mas como tem uma campanha eleitoral em andamento e com várias farpas sendo atiradas de lado a lado, bom manter o foco e ver como se configura esta disputa. Aliás, não consigo entender como tem gente que desvincula política do cotidiano e não percebe que está tudo imbricado. Como se as decisões dos parlamentares e dirigentes não causassem nenhum efeito em suas vidas.

Vai ser uma briga de cachorro grande, como se diz popularmente. Mas pode-se dizer que, a bem da verdade, vai ser briga de cachorro mesmo, pelo que se tem visto! Freqüentador assíduo das malhadeiras sociais e observador atento da realidade que me cerca, não me furto a perceber que o interior vai definir muitas coisas. Mesmo Manaus sendo uma cidade-estado e com um grau de politização maior, será nos grandes colégios eleitorais do interior (Parintins, Maués, Manacapuru, Itacoatiara, Coari, Tefé, Tabatinga, São Gabriel da Cachoeira, Humaitá e Manicoré), que as coisas esquentam.

Somados, estes municípios chegam a 600 mil habitantes e cerca de 350 mil eleitores. É um número a ser considerado. E há casos em que algumas eleições tiveram seus resultados alterados justamente com os resultados que vieram do interior. Em 1986, o hoje vereador Mário Frota foi dormir deputado federal e acordou nada. O pesquisador Marcus Barros também viu seu mandato de senador passar para as mãos do Gilberto Boto Mestrinho em 98, comprovando porque teve sua fama do cetáceo amazônida. Tá certo que estes resultados eram de quando as urnas no interior eram de pano. Há registro de que foram vistos boiando pelos rios Madeira, Amazonas e Negro algumas das ditas urnas.

O programa de rádio do Omar Aziz vem sendo reforçado para os municípios da calha do Madeira, sobretudo depois te terem sido apreendidos rabetas e implementos agrícolas no município de Apuí. Mas isto não é à toa e não apenas por isso! Braga, quando governador, foi lá e prometeu mundos e fundos ao prefeito daquele município, isto em agosto do ano passado! Num total de R$ 17 milhões, mas do qual o município não viu um centavo sequer. Tenho isto em vídeo e, graças à excepcional qualidade da internet em Manaus, não vou conseguir postá-lo aqui hoje, mas prometo fazê-lo assim que possível!

Alfredo Nascimento, por sua vez, limita-se a dizer que é o candidato do Lula e insiste em bater na tecla da BR-319! Venhamos e convenhamos, é um discurso muito fraco! Já deveria, já que se propõe a ser oposição ao atual governo do estado, ser mais contundente. Primeiro reconhecendo, como eu mesmo faço, as coisas boas que esta gestão fez, mas também colocando o dedo na ferida. Superfaturamento e obras fantasmas no Solimões são algumas destas coisas que merecem ser colocadas na pauta do dia, afinal de contas, é do dinheiro do imposto que todos paganmos que estamos falando! E isto merece pelo menos o respeito de ser colocado às claras, como quer Serafim Correa e colocou isto como condição para se aliar a Alfredo nesta campanha: transparência!

Estamos na era da supervelocidade da informação e não é mais como alguns anos atrás, em que as coisas aconteciam no interior e, quando sabíamos, já era tarde demais para ter efeito algum no momento mais importante em um processo eleitoral. Hoje, mesmo com esta internet de baixíssima qualidade que temos, é possível saber quase que em tempo real o que acontece pelo interior do Amazonas!

É isso!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Carta do Zé agricultor para Luis da cidade

Esta carta me foi enviada por e-mail e mostra um pouco da dura realidade do campesinato brasileiro. Faço questão de postar aqui porque quanto mais soubermos da realidade brasileira, imagino que mais soluções podem ser buscadas.


Prezado Luis, quanto tempo.

Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava.
Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormi já era mais de meia-noite. De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra né Luis?
Pois é. Estou pensando em mudar para viver ai na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos ai da cidade. To vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.
Veja só. O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.
Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né Luis?
Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né.) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?
Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encompridar uma cama, só comprando outra né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca.
Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levou ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.
Depois que o Juca saiu, eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, ai eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.
Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luis, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande né?
Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou, as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado.
Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora!. Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.
Fui ao escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no IBAMA da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do
Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.
Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, ai tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.
Eu vou morar ai com vocês, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Ai é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.
Até mais Luis.
Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas me aguarde até eu vender o sítio.

(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)

A carta tão somente adaptada por Barbosa Melo - foi escrita por Luciano Pizzatto que é engenheiro florestal, especialista em direito sócio ambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado desde 1989, detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A culpa é da população!

Com os recentes casos de morte causados pela dengue, vi em vários programas na televisão manauara as autoridades apressando-se em justificar que os óbitos foram causados por focos em locais de difícil acesso ou que os moradores das áreas em que as campanhas do combate à dengue não havia chegado.
Ora, desde há muito tempo é sabido que neste período a dengue tem um aumento de casos em função das chuvas. Ainda neste dia 9 de fevereiro o deputado Marcos Rotta, em seu programa na Band Manaus, disse com todas as letras que o problema da dengue era culpa dos moradores que mantinham locais como foco do mosquito da dengue! Tenha santa paciência! Para que ele tenha noção de que tem uma parcela significativa de culpa nisso, já que como fiscal do poder executivo estadual, ele tem que cobrar ações do governo para o caombate à doença, vale lembrar que aquele espelho d´água na frente da ALEAM é também um foco de mosquito da dengue.
Mas jogar a culpa na população não se restringe apenas ao caso de dengue. Outro dia vi no Amazônia em Notícias, na TV Amazonas, o superintendente da ManausTrans e a presidente do Detran apressnado-se em colocar a culpa dos acidentes de trânsito nos motoristas e pedestres, como se tudo o que os dois órgãos fazem impedisse os acidentes. Campanhas educacionais funcionam se forem feitas perenemente, acompanhadas de medidas duras.
A Lei Seca foi aprovada em todo o Brasil mas me parece funcionar apenas no Rio de Janeiro, onde são feitas não apenas campanhas educativas, mas também são feitas blitzen todos os dias, por todas as áreas da cidade e em horários diversos. Com isto mudou-se a postura dos motoristas, criou-se uma nova cultura, a do motorista da vez, quando um amigo fica sem beber quando acompanha os amigos na balada. Por que não fazer o mesmo em Manaus? O que custa? Nada!
No quesito lixo nos igarapés, pode até parecer que o poder público tenha razão quando muitas pessoas jogam os vasilhames pet em qualquer lugar. Mas até onde se sabe, o que adianta colcoar o lixo na rua perto do horário em que o carro do lixo vai passar, se por vezes ele não passa e a chuva chega antes? Porque o poder público não obriga as empresas fabricantes e usuárias dos pets de fazer a coleta, já que ela se beneficiará também com a reciclagem do material? Porque o cidadão tem que ser o responsável por tudo isso?
Estes são apenas algumas questões em que o poder público tem a obrigação de agir e tomar as medidas necessárias para evitar este tipo de problemas, não apenas começar a tomar medidas paliativas e ir colocando a culpa na população por se omitir de sua obrigação. Você, cidadão, tem que cobrar do poder público, caso contrário, ele sempre vai colocar a culpa do que acontece de ruim, na sua pessoa!