quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Sóbrio ou ébrio, o fato é que está errado!


Quando dizem que no Amazonas até boi voa, as pessoas de fora não entendem ou levam na brincadeira por demais. Com talvez esteja sendo levada a reforma da Ponta Negra e suas 12 vítimas fatais nestes últimos três meses. O laudo do Serviço Geológico do Brasil foi taxativo: a Ponta Negra não serve comobalneário. Claro que o secretário municipal de infra-estrutura, Américo Gorayeb apressou-se em contestar o laudo. Mas com quê conhecimento técnico?

Bem, a obra ponto de vista técnico, teria que ter um Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto no Meio Ambiente (EIA/RIMA) sendo que ninguém sequer questionou sobre isso! Além disso a obra tem recursos federais (R$ 21 milhões) que foram repassados através do Ministério do Turismo e isso, por si só, já causa o automático interesse do Ministério Público Federal (MPF) e da Controladoria Geral da União (CGU). E não apenas por conta dos recursos, mas sobretudo porque em função dessas obras, 12 vidas já foram ceifadas.

Ora, Gorayeb, na tentativa de desqualificar o laudo, reclamou que os testes foram feito pelo diretor após ele ingerir seis latinhas de cerveja e após as 19h, quando não se tem mais os salva-vidas. Mas fica a dica para os meus colegas repórteres: perguntem a ele, na próxima coletiva, se foram feitos o EIA/RIMA. Mas no Amazonas é assim: quando algo desagrada, basta desqualificar que a vida segue e nada será resolvido.

O fato é que ficam se agarrando em filigranas e nada mudará. Ou melhor, serão gasto mais recursos de forma que sejam feitos reparos paliativos. Ou seja, a Ponta Negra será transformada em um saco sem fundo, literalmente.
E quanto às vidas que foram perdidas nessa obra? As famílias serão indenizadas? Alguém será responsabilizado? Aguardemos o desenrolar dos fatos!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Cachoeira e o recado à sociedade


Ontem fiquei pasmo com a notícia de que o bicheiro Carlinhos Cachoeira foi condenado pela Justiça do Distrito federal a cinco anos de prisão em regime semi aberto, o que lhe permitiu deixar a prisão. Voltou para o seu condomínio de luxo e deve estar rindo às pampas com a decisão judicial pelos crimes. Envolvido em um forte esquema de corrupção que vai de controle de máquinas de caça-níqueis a participação em licitações para lá de suspeitas, pagamento a políticos e pagamento a policiais para atuarem como seguranças em seus inúmeros ilícitos, envolvendo políticos que culminou com a cassação do senador paladino da justiça Demóstenes Torres.

Mas dá para entender a mecânica de tudo isso quando temos, já de cara, com a profissão do bom moço solto: bicheiro! Sim, bicheiro, que no Código Penal Brasileiro é contravenção, vira profissão.  Ora, mas isso é um disparate! É algo tão escabroso que só no Brasil mesmo para ser aceito com naturalidade. O país do jeitinho, da acochambrada, do remendo paliativo, da medida provisória que passa a ser permanente, torna tudo o que é errado em certo.

O recado que está sendo dado à sociedade é o seguinte: roube, prevarique, suborne, compre policiais, juízes, parlamentares, financie campanhas e seja beneficiado que tudo será permitido e você será premiado com uma fortuna. E sairá rindo da prisão e poderá voltar à sua vida de crimes tranquilamente em seu condomínio de luxo.

Enquanto isso os parlamentares vão se dando aumento de 50, 60% enquanto discutem um aumento mínimo para o salário mínimo. Os juízes vão dando alvarás de soltura pra lá de suspeitos e sequer são investigados em função disso.

Nos últimos dois anos tenho ouvido de vários amigos que estão se preparando para ir embora de Manaus, do país, em função de viverem com situações insustentáveis por terem opinião própria e fazerem críticas e acontecimentos como esses e outros mais corriqueiros como pedir melhor atendimento de saúde, educação, segurança e transporte e outras coisa básicas para poder ter e exercer cidadania.

Eu resisto heroica, estóica e bravamente, mas confesso que, ao ver uma notícia como essa, me vejo tentado a engrossar o coro de quem quer ir embora de minha terra. Mas aí logo penso e reflito e percebo que, se eu, e todos os cidadãos que se incomodam com essa situação se forem, é justamente o que essas pessoas que estão acostumadas a se locupletarem, a abusar e perpetuar o jeitinho brasileiro querem: menos resistência e menos gente reclamando do que está errado. Vou ficando e resistindo um pouco mais!