Datas comemorativas sempre me remeteram a um questionamento profundo:
porque homenagear se temos um débito a honrar? Eleger um dia para
prestar solidariedade é um desencargo de consciência pura e
simplesmente.
E no caso específico do índio o desencargo é ainda maior. O Brasil
não foi descoberto, foi invadido! Quando chegaram por estas plagas os
portugueses, já encontraram os gentios que, por não serem cristãos foram
considerados com alma somente
Na comemoração dos 500 anos do "descobrimento" em 2000, um índio
pataxó não incluído nas falas, conseguiu exprimir a exata medida do que
representa a chegada dos portugueses: São 500 anos de sofrimentos, de
massacres, de exclusão, de preconceito, de exploração, de extermínio de
nossos parentes, aculturamento, estupro de nossas mulheres, devastação
de nossas terras, de nossas matas, que nos tomaram com invasões. Hoje
querem reafirmar a mentira do descobrimento"
A igreja perdiu perdão, mas de fato nada se faz quando se notícia casos como o da criança indígena que foi queimada viva no Maranhão. O índio Galdino Pataxó somente teve repercussão porque foi no centro do poder brasileiro.
No Alto Solimões, desterrados, dezenas de índios Ticunas suicidam
todos os anos. Alguns nãpo entram sequer nas estatísticas e muitos deles
são vistos bêbados ou jogados pelas sarjetas das cidades da região.
Mais do que comemorar, o momento é de resgatar não apenas a história,
mas também a dignidade e a altivez desta nação que foi dizimada em um
verdadeiro genocídio em toda a América.
É isso!
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