quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Encalhados no porto de R$ 26 milhões

Tem certas coisas que quando conto para amigos e conhecidos de outros estados eles dificilmente acreditam no primeiro momento. Neste dia 16 estava voltando do Castanho e, como estava vindo de carro com um amigo, tivemos que esperar a balsa das 18h porque perdemos a que acabara de sair às 17h. Na verdade, por não ter fiscalização nenhuma, acabou sendo a balsa das 19h que saiu às 19h30.

Neste intervalo de espera, ficamos conversando e de repente me dei conta de que tinha uma obra parada ali. Era um dos 42 portos que tiveram verba liberada pelo Ministério dos Transportes para o Governo do Estado e sei quantos que não saíram da prancheta. A obra foi iniciada em março de 2009 e com previsão de entrega para as vésperas das eleições de 2010. Até aí tudo bem, porque deveria haver um acordo sobre quem seria candidato e apoiaria o outro no pleito.

No entanto, quis o destino que os caminhos tanto do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e do então governador Eduardo Braga, fossem para lados opostos. Com a relação azedada entre os dois, a obra, de grande importância para a melhoria da qualidade dos serviços que atendem pelo menos os municípios de Careiro da Várzea, Autazes, Manaquiri e Castanho, andou a passos de tartaruga. Aliás, deixemos o quelônio amazônida de lado que ele não tem nada a ver com isso. A obra simplesmente parou, mesmo os recursos da ordem de R$ 26 milões já tendo sido liberados.

Reparem no tempo decorrido: a obra iniciou em março de 2009, deveria ter sido entregue em 2010 e, em meados de fevereiro, ainda não passou de um monte de areia que alguns moradores aproveitam para fazer as suas pequenas obras ou reparos em casa. Ninguém me disse isso não, eu vi com estes olhos que hão de virar pedra!

A obra é de grande importância para a população, renderia votos para ambos os lados, já que Alfredo Nascimento saiu candidato para o governo e Braga saiu para o Senado. A bem da verdade uma inversão de papéis! Ma o pensamento político de Braga, que apoiou o vice Omar, foi além: não basta vencer e fazer vencer o seu candidato, tem que inviabilizar de todas as formas os adversários. E isto foi feito sem levar em consideração que a população daqueles municípios seriam, e foram, prejudicadas.

Recorrentemente vejo queixas, no Twitter, de usuários das balsas do Porto de São Raimundo. Na televisão e jornais, sempre que há um feriado prolongado aquela pauta batida nas saídas da cidade mostram que, pelo menos ali no São Raimundo, melhorou alguma coisa, mas o sufoco ainda continua o mesmo. Se bem que com a construção da ponte, ainda sem data para ser inaugurada, praticamente eliminará aquele porto que custou R$ 22 milhões.

Agora, muito se fala em ética na política, em um nova forma de administrar, em levar desenvolvimento para o interior, mas tudo isso não passa de discurso vazio e promessas de campanha. O Ministério Público faz vistas grossas e ouvido de mercador e deixa passar batido isso tudo, como se tudo estivesse tranquilo. Vale lembrar que é uma obra com recursos federais, portando cabe fiscalização do Ministério Público Federal.

Durante a campanha não se viu nos horários eleitorais de cada candidato a discussão do tema. Nem Alfredo foi mais contundente na cobranças das obras que ele liberou o recurso e nem Braga fes estardalhaço nestas ações. Fizeram o velho jogo de compadre.

No que isso vai dar eu não sei, mas que dá uma vergonha extrema de ver este tipo de coisa acontecendo, nem preciso repetir, já que sempre digo isso. Mas o momento de trazer o asunto á baila e fazer a minha parte de cidadão. A você, cabe também divulgar e discutir, no salão de beleza ou no boteco da esquina, não apenas este tema como também outros. Afinal de contas, você paga altos impostos para que obras sejam feitas. Mas feitas de verdade.

2 comentários:

  1. Portos. Taí uma palavra que arrepia por saber o quanto já se foi roubado por eles e nenhum funciona pelo estado afora.
    R$ 1,5 bilhão por uma ponte que seria mutíssimo bem trocada por um serviço adequado de ferryboats é outro absurdo.
    Em Novo Ayrão a placa ostenta orgulhosa que custou R$ 15 milhões. Não vale 5.
    Mas não vamos nos calar. Esses espaços e outros são muito fortes e podemos agir. Mas não é só virtual. Tem que ter umas praças prá chmar o povão às falas. Vamos juntos.
    Vou por o link na página Dicas de Tupã no meu blog Tribo dos Manaós.

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  2. Valeu meu caro! Vamos somar força e se juntar ao portal dos Barés, projeto de grande monta que vai ter esta missão! Não me calo, nem me curvo! Sigamos adiante!

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