Há alguns dias vi um texto do
Sílvio Silva sobre a queda da qualidade do jornalismo digital. Talvez você não tenha ideia do funcionamento
de um portal e dos seus custos. É preciso ter repórter, editor, fotógrafo e
mais ainda motorista e uma certa infra-estrutura.
Conversando com um amigo
jornalista, que recebeu convite para ser editor de um portal de notícias que
possui esta infra-estrutrura, pude entender porque a qualidade das notícias é
tão questionável. Ele foi convidado para trabalhar nove horas por dia e receber
o salário de R$ 2.800,00. Caso a carga horária fosse de cinco horas, o salário
despencaria para R$ 1.500,00.
Mas o mais grave não é isso.
Simplesmente essa carga horária de nove horas não existe na legislação de
jornalismo. O Sindicato dos Jornalistas deveria agir nesses casos, mas simplesmente não tem força para mudar nada. Pelo simples motico de que não encontra respaldo dentro da própria categoria. E não é pela questão do diploma, pois não se exige o diploma, mas se exioge o registro de jornalista para exercer a profissão. Até porqu eu penso que não é um diploma que faz um bom jornalista.
Art. 303 - A duração normal do trabalho dos empregados compreendidos
nesta Seção não deverá exceder de 5 (cinco) horas, tanto de dia como à noite.
Isso explica muita coisa e, pior
que as explicações, é que tem muitos que, por quererem buscar espaço no mercado
de trabalho, acaba, se sujeitando a contrariar a lei e aparecendo na foto. Daí
que para ser editor, é preciso que a pessoa tenha experiência, ter passado por
pelo menos umas duas ou três editorias, ter liderança e outras características
inerentes a um cargo importante como é.
Mas a preocupação dos portais
hoje, decididamente não é por qualidade, mas sim sair atabalhoadamente na
frente com a notícia, nem que ela seja desmentida horas depois ou simplesmente
retirada sem dar nenhuma explicação como se nada tivesse acontecido. Essa falta de preocupação não é limitada aos portais não. Lamentavelmente os proprietários de veíoculos de comunicação nunca deram muita importância ao seu maior patrimônio: credibilidade. Sobre isso já escrevi anteriormente.
O
efeito mais nocivo que isso tem para o jornalismo é que, como tem gente que se
submete a fazer isso, acaba vilipendiando o mercado e não raro vemos colegas se
queixando de que precisa ter dois ou mais empregos e ainda fazer uns bicos
vendendo perfumes e roupas e coisa do gênero para sobreviver. É como minha avó
já dizia: meu filho, emprego é que nem alça de caixão, se alguém largar, vem
outro e pega!
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