Para quem não sabe como funciona a política pelas bandas do Amazonas, vai uma explicação simples: os coronéis simplesmente fazem o que bem entendem e fica por isso mesmo. Amazonino Mendes, herdeiro do velho Boto Tucuxi Gilberto Mestrinho, não é diferente.
Em 2009, logo após assumir a prefeitura, cheio de dívidas de campanha, fez o que sempre fez: começou a favorecer aliados através das licitações e colocar de fora quem não lhe deu apoio na campanha. Em novembro tentou passar a tarifa do executivo de R$ 2,00 para R$ 3,00. As cooperativas se recusaram a dar o aumento por um motivo muito simples: prejudicaria a população e colocava em cheque o já combalido sistema. Uma paralização dos motoristas obrigou o alcaide teve que retornar ao preço de R$ 2,50. Humilhado, teve que recuar, mas sob a ameaça de tirar a concessão das cooperativas, conseguiu seu objetivo: passagem do executivo em R$ 3,00.
Em 2010 anunciou, mas ficou apenas no anúncio, de uma nova licitação que aconteceu somente no ano passado. Para participar da licitação, as empresas que concorrem ao processo de licitação precisam dar garantias de que possuem garagem e ônibus em Manaus. Qual não foi a surpresa ao verem que as empresas novas que querem operar aqui apresentaram garagem e ônibus de empresas já existentes e operando na cidade. Ou seja, será trocar seis por meia dúzia! Mudarão apenas os nomes das empresas, os proprietários serão os mesmos! Nesse meio tempo, eliminou a tarifa social aos domingos, que era de R$ 1,10, e passou a ser cobrada a tarifa já com aumento de R$ 2,75.
Na licitação específica para o transporte executivo, que é feito pelas cooperativas em sua maioria, o número de microônibus que prestam o serviço será reduzido de 280 para 60 e circularão apenas pela região central de Manaus. Ou seja, prejudicará as zonas Norte e Leste, as mais populosas da cidade. Amazonino demonstra com isso não apenas o seu lado vingativo contra as cooperativas, mas também que não se importa em atingir a população para fazer sua vendetta.
Como cansou de ser acusado de fazer tudo na base do chutômetro, o prefeito diz que contratou uma empresa de consultoria através da Superintendência de Transportes Urbanos, presidida por Marcos Cavalcanti, que já foi presidente da antiga Empresa Municipal de Transportes Urbanos (EMTU), em 1998, e foi eleito vereador com apoio das empresas do sistema de transporte coletivos. Entre suas realizações foi a quase cassação, após ser objeto de uma CPI presidida pelo ex-vereador Gilson Gonzalez, que apurou três acusações, com destaque para a distribuição de placas de táxis, em Manaus e manutenção de funcionários fantasmas no órgão.
Para ter a certeza de que as cooperativas ficariam de fora da licitação, a empresa consultora estabeleceu a calção para as empresas no valor de R$ 600 mil reais, enquanto o das cooperativas é de R$ 1.012.000,00. Quase o dobro das empresas. “Temos certeza de que isso é para nos tirar do certame e é uma vingança do Amazonino por conta daquele episódio em que ficamos do lado da população em 2009”, disse Equias Subrinho, presidente da Federação das Cooperativas de Transportes do Amazonas (Fecootram).
Nesta quinta-feira (12.01) os dirigentes das cooperativas estiveram no Ministério Público do Amazonas onde entraram com recurso para suspender a licitação e ter ao menos as mesmas condições que as empresas. “Temos muitas esperanças de suspender a licitação. Primeiro que prejudica muito a população que já sofre com a falta de transporte coletivo nas duas zonas mais populosas e depois que é uma disparidade muito grande no valor das calções”, concluiu Subrinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário