quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

De tanto fazer, viramos piada!

Nos últimos anos tenho ouvido com mais frequência a piada de que o nosso estado vizinho Acre não existe, que as coisas por lá demoram a chegar e essas coisas que, no fundo, são eivadas de odioso preconceito. Nós, aqui do Amazonas, sempre nos vangloriamos de sermos mais "desenvolvidos" que os demais estados da região. E a pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) apontando Manaus em último lugar em desenvolvimento caiu como uma bomba, esmagando nossos egos.
 
Mas logo Manaus, que tem a sexta maior economia do país, que sempre foi vanguarda em muitas coisas, como ter sido a primeira cidade a ter iluminação pública, cabo intercontinental ligando`se à bola de Londres para saber a cotação da borracha, a cidade que primeiro aboliu a aescravidão, quatro anos antes de a princesa Isabel assinar a Lei Áurea, onde primeiro teve greve no país.
 
Está certo que a pesquisa feita engloba apenas os anos de 2009 e 2010 e não reflete a nossa realidade atual. O índice estudado pela Firjan analisa emprego e renda (estoque e salários médios dos empregos formais, geração de vagas), educação (taxa de matrícula infantil, abandono, distorção idade-série, entre outros) e saúde (óbitos por causa mal definidas, número de consultas pré-natal,  e óbitos infantis evitáveis). E a reportagem dedica apenas uma mísera linha sobre nossa querida cidade: Manaus ficou em último lugar.
 
Particularmente eu penso que, como vivemos em uma eterna digressão, uma involução onde só o que evolui são os patrimônios de nossos dirigentes, Manaus poderia até estar em uma posição pior se tivesse fosse possível. Ora, sempre fizemos piada do Acre, que não existe, mas Rio Branco ficou quatro posições à frente de Manaus.
 
Me ocorre que quando anunciaram Manaus como uma das sedes da Copa de 2014, em 2009, autoridades fizeram festa (depois de terem feito uma campanha milionária para incluir a cidade como tal), milhares de promessas foram feitas, como se aquilo fosse a salvação da lavoura. A população passou a sonhar acordada em seus ônibus lotados com monotrilhos e BRTs, os craques dos times locais (incluindo os pernas de pau da ACLEA) terão uma arena multiuso de primeiro mundo para jogar o pálido campeonato amazonense e tantas evoluções que nem sei por onde começar a enumerar.

Manaus foi escolhida como cidade sede por representar a Copa Ecológica tendo em vista os índices de desmatamento do Amazonas ser um dos mais baixos. Bem, três anos depois o Amazonas aparece como um dos que mais desmata. Ficando atrás de nosso vizinho famoso por desmatar, o Pará.

Mas isso aqui não se trata de uma briguinha como se nossas cidades estivessem disputando o Campeonato Brasileiro. Por falar nisso, neste quesito também estamos atrás de nossos vizinhos. Lembro que há dois anos, o governador Omar Aziz disse com todas as letras que queria que o Amazonas tivesse um clube na série A do Campeonato Brasileiro. Bem, estamos na Série D por falta de não existir uma série E. E isso não é exagero.

Bem, chegamos a um ao e meio da realização da Copa e na Fifa acendeu o alerta de que Manaus pode ficar de fora por que não há confiança da entidade na gestão do governador. Fizeram uma campanha eleitoral para a prefeitura baseando uma boa parte dela na construção do monotrilho e no BRT e, dias depois do fim da eleição, o eleito Arthur Neto, após reunião com o governador, ambos anunciaram que não ficariam prontos para a Copa.

Sou da opinião de que não deve pautar as ações de uma gestão em função de um evento de grande porte, mas sim deve-se estabelecer critérios para as prioridades da população e não fazer as coisas para cumprir exigências de uma entidade. A prioridade de um governante deve ser o seu povo. E quando falo povo, no sentido lato, não apenas nos que votaram nele.

Mas enfim, vivemos pelo menos nos últimos 30 anos vivendo e ouvindo promessas não cumpridas ou, que saem a preço astronômico, do tamanho da megalomania tacanha de quem faz uma obra que, em breve, deverá ser ampliada pois foi projetada para durar apenas uma ou duas eleições. O fato é que, de tanto fazermos piada do vizinho Acre, acabamos virando piada.

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