quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Cigás, a versão baré da privataria tucana!

A Cigás foi feita para ser a distribuidora do Gás Natural no Amazonas. Não sou quem está dizendo isso, mas é o que está no site da companhia: A Companhia de Gás do Amazonas – CIGÁS - é a concessionária pública responsável pela distribuição do Gás Natural no Estado do Amazonas. Foi criada  pela lei 2.325 de 8 de maio de 1995. A venda da Cigás lembra bem o episódio das privatizações feitas pelo governo do presidente FHC, aliás, ela nasceu justamente nessa mesma época.

Pois bem, nada demais se não fosse a notícia da privatização da companhia, que foi apresentada à Asssembleia Legislativa (Aleam) pelo Governo do Estado com previsão de ser concretizada já na semana que vem, quando será votada na terça-feira, a toque de caixa. Como não tem oposição na Aleam, será aprovada a venda. O governo do Amazonas alega falta de investimentos na empresa que nada fez nos seus 16 anos de existência a não ser servir de cabide de emprego.

A reportagem do D24AM apurou que o valor da venda da Cigás será de R$ 200 milhões, o que seria suficiente para para cobrir os R$ 120 milhões que a concessionária alega precisar para fazer investimentos para a ampliação da rede de gás do estado até 2014. Aliás, 2014 já falei que é o número mágico da falácia no país. A realização da Copa está sendo usada como um grande álibi sem-vergonha para cometerem as maiores atrocidades contra o dinheiro público. A venda da Cigás será apenas mais uma delas.

Ora, após a construção do gasoduto Coari-Manaus onde foram investidos mais de R$ 4 bilhões e já está pronto, pouca coisa restou a fazer. Aliás, a própria construção do gasoduto, como tudo o que se faz aqui no Amazonas, teve seu orçamento estourado. Pulou de R$ 2,4 bilhões para R$ 4,58 billhões. Ou seja, os R$ 120 milhões alegados para a expansão da rede de distribuição no Amazonas é um mero chute. E ainda falta explicar essa diferença de R$ 80 milhões entre o que é preciso e o preço de venda. Sem contar que não está embutida nessa conta o que foi gasto em pagamento de salários aos seus diretores e funcionários. Mais um prejuízo para os cofres públicos.

A Cigás tem uma tabela de preço que foi divulgada e passou a ser cobrada desde 1º de dezembro de 2010, mesmo o gasoduto ainda não estando em operação pois ainda passa por processos técnicos de testes. Ou seja, quem comprar a Cigás não arcará com as despesas já gastas para a construção do gasoduto Coari-Manaus e passará a somente faturar.

Agora, o mais impressionante nesse processo de privatização é o pulo do gato e algo mirabolante: tudo o que for arrecadado com a venda da companhia será revertido na construção da Cidade Universitária da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), no município do Iranduba, a 25 km de Manaus. É uma atitude louvável fazer a cidade universitária, mas também vai contra o princípio de interiorização da universidade, demonstrando que não há interesse por parte do governo do estado em levar desenvolvimento ao demais municípios do interior.

Aliás, o governo do estado poderia usar parte dos R$ 6,6 milhões que estão sendo pagos por ano para uma empresa fazer a segurança da UEA. Com toda certeza esse valor não se justifica e poderia ser redirecionado para a construção da Cidade Universitária. Se bem que, vamos fazer um exercício de elocubração: para que construir a cidade universitária quando se faz mais necessário investir em estruturar melhor as atuais instalações da UEA e possibilitar a qualificação dos professores. Vão desativar as unidades já existentes? Aliás, usar verbas da UEA para outros fins é praxis dessa administração. De acordo com informações do deputado Marcelo Ramos (PSB) apenas esse ano, R$ 180 milhões de verba da instituição foi utilizada para outras coisas.



Hoje a UEA tem seis unidades em Manaus e em mais 16 municípios do interior. Fazer a cidade universitária no Iranduba vai deixar muitos alunos que estudam em Manaus com problemas de transporte. Imagine um aluno que mora na zona Leste da cidade ter que ir para o município vizinho? Quanto tempo levará para se deslocar até lá?

Quem irá construir a cidade universitária? Sabemos como funciona as licitações no Amazonas e com certeza será mais uma obra superfaturada e realizada pelos amigos. Enfim, são apenas questionamentos que eu elo menos me faço e penso que cada um deveria fazer e ir lá na Assembleia Legislativa na terça-feira, dia 20 de dezembro para acompahar e pressionar os deputados a não deixar acontecer mais um, como eu posso classificar, disparate e desrespeito com o dinheiro público.

O que dirá a Petrobras a respeito? E você, o que fará a respeito?


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