Muito se tem falado sobre mobilidade urbana em Manaus, mas pouco se tem falado sobre um requisito que precede o tema: transparência! O que de fato a Associação Internacional das Federações de Futebol (Fifa) exigiu em seu caderno de encargos? Isso deveria ser posto à disposição e está sendo guardado a sete chaves não se sabe com que intenções.
Sobre mobilidade urbana foi feito uma exigência simples: um transporte rápido e seguro do aeroporto ao local dos jogos e para a rede hoteleira. Não estipulou se seria metrô, monotrilho, trem-bala ou helicóptero. Ora, hoje existem soluções mais práticas que o monotrilho e o BRT, soluções apontadas pela megalomania dos governantes e já devidamente reprovada pelos órgãos controladores (Tribunal de Contas da União e Controladoria Geral da União).
Os motivos já foram fartamente expostos pela imprensa: falhas de origem nos projetos e, pasme você, superfaturamento! Gente, isso já foi negado peremptória e categoricamente tanto pelo prefeito Amazonino Mendes quanto pelo ex-governador, Eduardo Braga, e pelo atual, Omar Aziz. Superfaturamento não existe no Amazonas. Existe sobrefaturamento, é bem diferente!
E tem uma coisa que muitas pessoas estão desconsiderando ou, o que é pior, omitindo nessa discussão: o gasoduto que passa por toda a extensão da Constantino Nery. Essa é uma questão muito relevante e que não está sequer sendo posta em discussão. De que forma as obras afetarão o gasoduto? Há um plano de atendimento a emergência em caso de acidentes no gasoduto? Será necessário refazer o gasoduto?
E a rede de transmissão de energia? Já não era tempo de fazer essa rede, pelo menos na Constantino Nery e Djalma Batista, subterrânea? Qual a dificuldade de já se ter feito isso quando das obras do gasoduto? Mas por aqui é assim: arvora-se em beneficiar os amigos empreiteiros agora com uma obra de cada vez. Nem que isso represente ter que refazer a mesma obra duas ou três vezes mais tarde.
Mas voltemos às exigências da Fifa. Um transporte do aeroporto até o estádio e à rede hoteleira nos traz um questionamento: onde fica a rede hoteleira? Bem, temos o Tropical Hotel, na zona Oeste, que pode ser feito de ônibus mesmo. Há os hotéis do Pólo Industrial, que possuem um via até razoável e que pode ser resolvido sem grandes investimentos e em tempo hábil. Outros hotéis estão sendo construídos na região próxima a Arena da Amazônia, que já serão assistido pelo que for feito ligando o aeroporto à arena.
Construir um transporte até o estádio não quer dizer que ele deva ir até o centro histórico de Manaus, até porque vai comprar uma briga feia e desnecessária com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Basta ir até onde hoje fica o terminal 1, não precisa ir até o centro. Para ligar a via principal da Torquato Tapajós à zona Leste, basta ir pela Max Teixeira até a bola do Tancredo Neves e de lá usar um sistema de capilaridade com ônibus.
Aliás, por falar em ônibus, há um princípio básico que não é respeitado aqui em Manaus: se houver um sistema de transporte coletivo confiável, as pessoas deixariam seus carros em casa e teria um trânsito mais fluído na cidade. Pense na seguinte situação: temos uma cidade com uma população de quase dois milhões de habitantes possuir apenas 1.500 ônibus é de uma desproporcionalidade sem tamanho.
A cidade cresceu, a frota de carros igualmente, mas em compensação a frota de ônibus permaneceu, como não foram criadas novas rotas para atender as demandas de uma cidade que cresceu a passos largos nos últimos 20 anos. Ora, se for fazer a regra de três simples (não é preciso fazer malabarismos matemáticos não, viu Marcos Cavalcante?) 1.500 ônibus para 2 milhões pessoas, dá um ônibus para cada 1.334 habitantes. Levando em consideração que são em média 45 lugares sentados, não vai dar outra: ônibus lotado, sobretudo nos horários de pico.
E a tarifa? Ora, há duas semanas uma empresa interessada em implantar o monotrilho em Manaus levou uma delegação de repórteres para a Malásia afim de mostrar as vantagens desse sistema. O Walmir Lima, do Diário do Amazonas, divulgou que lá eles cobram R$ 0,60 e aqui em Manaus o que foi proposto será de R$ 2,50. Precisa falar algo mais?
Para reduzir as tarifas dos ônibus? A prefeitura de Manaus fomenta o cartel. Não é de hoje que defendo que deveriam deixar as cooperativas de transporte operarem no sistema. Isso sim seria concorrência e forçaria os empresários não apenas a oferecer um serviço melhor, mas a manter a tarifa em um patamar aceitável. O motivo? Cooperativas não visam lucro, e sim o bem estar dos cooperados. Hoje elas remuneram 80% mais que as empresas e os motoristas trabalham menos. E operam da mesma maneira. Conversei com o Equias Subrinho, presidente da Federação das Cooperativas de Transporte do Amazonas (Fecootram) e ele me disse o seguinte: "Não estamos operando no sistema urbano porque não deixaram".
Quando começarem a pensar em mobilidade urbana para a população e não apenas para os apaniguados, quem sabe poderemos ter um sistema de transporte coletivo digno.
Ei amigo Robson você esqueceu o STA (Sistema de Tração Animal). Ainda acho esse sistema de transporte mais viável e o que se encaixa melhor no momento em que nossa população se encontra atualmente. Afinal de contas, ser transportado como ANIMAIS para o abate o povo manauara já está acostumado, certo?
ResponderExcluirQuanto aos malabarismo que nossos fantásticos governantes pensam em fazer para conseguir cumprir com as exigências da Dona FIFA, tenho a plena certeza de que quando o sapato apertar mesmo eles vão dizer assim: NÃO TEMOS MAIS TEMPO PRA TANTA BURROCRACIA, ENTREGA ESSA OBRA DO MONSTROTRILHO LOGO PRA EMPREITEIRA DO MEU CUNHADO QUE DEPOIS VEMOS NO QUE VAI Dá!
Pronto! resolvido mais um problema na vida social da tão feliz e acomodada população amazonense.
Não sei vocês, mas eu já encomendei minha frota de jegues e já já monto minha cooperativa.
Falou e dizeu.
ResponderExcluirSó uma informação: o custo de uma rede subterrânea é imenso e não se justifica. Os grandes centros estão fazendo suas ampliações aéreas.
E pelas normas de segurança de gasodutos, existe afastamentos mínimos, inclusive para redes aéreas próximas, dependendo da tensão ("voltagem")