terça-feira, 20 de março de 2012

Manaus e os números da contradição

Manaus é uma cidade-estado maltrapilha. Um dia foi chamada de cidade-sorriso, Paris das Selvas e tantos outros adjetivos que deixariam seus cidadãos orgulhosos. A cidade que tem o quarto maior PIB do país é a mesma que tem a oitava maior cesta básica. No entanto, seus crescimento desordenado somado aos desmandos de seus governantes e a pouca preocupação em desenvover não apenas a cidade, mas o estado também, nos leva a fazer reflexões diárias e de que forma podemos dar a nossa contribuição.

Em recente estudo divulgado no dia 8 de março, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou que Manaus teve uma pequena queda de 2,16% em relação a janeiro. Segundo a pesquisa, o preço em fevereiro ficou em R$ 252,93. No mês de janeiro, a cesta composta por 12 produtos custava R$ R$ R$ 258,52. Em fevereiro de 2011 a cesta básica custou R$252,75.

O que a pesquisa não aponta, e todos que moramos no Amazonas sabemos, é que ainda importamos mais de 90% do que é consumido em Manaus. Não precisa fazer pesquisa. Mas isto é resultado da falta de uma política do estado para que seja explorada o potenial agrícola do Amazonas. E não falo apenas de criar um cinturão agrícola ao redor de Manaus para que a diferença entre o interior e a capital apenas aumente. Tem que desenvolver uma política agrícola de verdade.

Há alguns anos venho falando de desenvovler o potencial agrícola em pólos, já que a geografia do Amazonas não favorece a logística. Incentivar as associações de produtores e cooperativas, com projetos em que sejam criadas indústrias de beneficiamento de produtos como castanha, cupuaçu, frigoríficos e curtumes. Isso por si só já agregaria valor ao que for produzido e poderá ser exportado para outros países limítrofes e até mesmo para a Europa, Japão e Estados Unidos. Se em uma região no agreste nordestino como as cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) isso é possível, porque não no Amazonas?

Por uma razão muito simples mas que ninguém jamais admitirá. Não interessa! Não interessa porque será fortalcer a economia dos municípios do interior e perder o controle que se tem a partir do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Deseja-se manter os municípios do interior como refém para serem eternas moedas de troca eleitoral.

Já tivemos programas eleitoreiros e que não deixaram sequer uma semente plantada: Terceiro Ciclo e Zona Franca Verde. O que sobrou deles? Um Bolsa-Floresta? Não é pouco?

Ora, o Amazonas possui até locais onde se cria gado, no entanto não possui sequer um curtume de beneficiamento de couro que poderia gerar um pólo de calçados, ainda que insipiente. Tem um potencial de piscicultura enorme e ainda tem que surgir propostas de especialistas para a suspensão de pesca de peixes que poderia ser criados em tanque escavados e gerar mais riqueza com o beneficiamento de couro, alimentando o pólo de moda e podendo ser exportado para a Europa.

No vizinho Pará, está sendo desenvolvido um programa de exploração de palma (dendê) para a produção de biodiesel com o apoio da Vale do Rio Doce e da Petrobras. Ocorre que só quem produz muda para atender a demanda deles, que é de 10 milhões de mudas, é a Embrapa Manaus. Não à toa estão querendo que seja transferida para lá e, com certeza, será. Por aqui só se acorda quando o telhado cai na cabeça.

Dos 10 milhões de mudas, a Embrapa tem capacidade de produção de três milhões e o restante é importado de países. O Pará tem um outro problema a ser enfrentado e que não tem solução. O solo de lá nãopremite que se plante a palma pois tem a síndrome do amarelecimento fatal, coisa que não tem no solo amazonense. Sem contar que pode ser usado não apenaso dendê, mas pode-se explorar uma outra palmeirácea tãorica quanto o dendê: o buriti. Rico em vitaminas co complexo B, serviria não apenas para a produção de biodiesel, mas também para a indústria farmacêutica.

Mas enfim, posso falar mais alguns anos sobre o tema e ainda assim nada será feito porque pensa-se apenas nas próximas eleições e não nas proximas gerações.

É isso!

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