terça-feira, 5 de abril de 2011

Quantas vidas mais?

Todos os dias as notícias de acidentes de trânsito passam por nós de forma corriqueira. Ontem, foi mais um que, de forma violenta, engrossou a triste estatística do trânsito em Manaus. E aí os problemas são inúmeros que vai desde a manutenção dos ônibus, passa pela sinalização das vias e termina com a engenharia de tráfego que simplesmente inexiste.

O ônibus biarticulado foi herança do sistema expresso, implantado pelo então prefeito Alfredo Nascimento (pronto, agora o Amazonino pode dizer que isso é problema da gestão antepassada, e não apenas da passada), portanto, não tem menos de oito anos circulando na cidade e carece de maior atenção na revisão.

Diariamente discutimos (para quem é usuário do tuíter) problemas no trânsito, apontamos eventuais soluções, mas o fato é que o poder público de fato faz quase nada. A impressão que tenho, e não apenas eu, é que se espera chegar a níveis insustentáveis para se declarar estado de emergência e poder tomar medidas sem licitação.

Conversei ontem com o presidente da Federação das Cooperativas de Transportes do Amazonas (Fecootram), Equias Subrinho, e o questionei sobre se as cooperativas tinham condições de entrar no sistema urbano. A resposta foi positiva e ele disse que não entrou até o momento porque não deixaram.

Porque cito logo de cara as cooperativas para atuar no sistema de transporte? Por não visarem fins lucrativos e sim o bem estar dos cooperados, elas podem baixar os custos e manter a tarifa no mesmo preço de hoje: R$ 2,25. E provaram isso em 2009, quando o prefeito quis passar a tarifa do transporte executivo de R$ 2,50 para R$ 3,00 e as cooperativas se recusaram porque muitas pessoas migrariam para o já saturado sistema urbano.

O resultado dessa “rebeldia” foi colhido no final do ano passado, quando foi anunciado o edital de licitação do transporte: as cooperativas foram excluídas da licitação pura e simplesmente. No lugar foram colocadas empresas que já operam no sistema. Tire suas conclusões! Aliás, já havia sugerido que as cooperativas fizessem transporte escolar e reduzissem o número de carros em filas duplas na frente das escolas particulares. Também não lhes foi permitido. Porque será?

Mas a questão é: quantas vidas mais serão tiradas e quantas pessoas mais serão mutiladas em acidentes de trânsito? Este ano foram mais de cem atropelamentos e igual número de acidentes com vítimas. Cresci ouvindo que acidentes de trânsito no Brasil matam por ano mais do que os 50 mil que morreram na guerra do Vietnam. Isso sempre me incomodou. Será que não há nada que eu possa fazer? Pelo menos levantar a discussão de forma séria?

Eu penso que devemos pressionar as autoridades a tomarem medidas mais eficazes. Ora, se colocar um redutor de velocidade na saída de um viaduto complica o fluxo de veículos, porque o órgão responsável não o retira? Construir uma passagem de nível na entrada do Campus Universitário não melhoraria o tráfego da área? Por vezes eu me pergunto se as soluções apontadas, tanto o BRT quanto o monotrilho, e amos com preços sobrefaturados são solução. 

O que nos falta? Falta exercemos o nosso papel de cidadão e parar de reclamar do usuário que está no mesmo ônibus lotado. Tem que reclamar do poder público para exigir que as empresas coloquem mais veículos circulando ao menos no horário de pico. Tem que parar de buzinar e xingar o motorista ao lado porque o trânsito está parado e pedir providências para que as autoridades melhorem o tráfego na cidade, afinal de contas, essa é a função delas. Ou não?


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