terça-feira, 12 de abril de 2011

Se apertar, eles peidam!

Essa expressão, muito usada nos anos 80, cabe como uma luva na atual situação que vivemos. E quem deu a senha foram justamente quem mais se organizou: os mototaxistas! Foi assim quando começou a ser discutido a regulamentação da categoria a pressão sempre foi grande e começou por Brasília. Há dois meses a categoria encostou o prefeito e os vereadores na parede e conseguiram a agilização do processo de votação na Câmara Municipal de Manaus (CMM).

Na votação desta terça-feira, mais pressão e, de novo, os vereadores cederam. A estratégia dos mototaxistas é bastante simples, tática de guerrilha mesmo: acompanham a pauta de votação, fazem reuniões em locais estratégicos e depois seguem em suas motos para o destino escolhido. Não sem fazer barulho e paralisar o trânsito já caótico. Com uma pauta de reivindicações bem definidas, e não extensas, resolvem rapidamente as questões.

Aí você força um pouco a memória e lembra de uma manifestações dos estudantes que reuniu uns cinco mil alunos devidamente liberados pelos diretores de escolas, gritando palavras de ordem do tipo: 10% do PIB para a educação! Esse não conta porque passou longe de representar legitimamente os estudantes. Sequer foram recebidos pelo prefeito e apenas protocolizaram uma pauta de reivindicações que deve estar engavetada até agora. Isso se não foi para cesta! Sim, essa mesma que você está pensando aí! Esse tipo de barulho é ineficiente por ser uma jogada ensaiada!

O exemplo dos mototaxistas é mais contundente por vir da base, de quem depende realmente daquela oportunidade de trabalho, e de quem está disponível a dar sua contribuição para que o sistema de transporte funcione, ainda que seja um remendo esdrúxulo, um paliativo ou uma opção para pequenas distâncias e para locais onde o sistema de transporte coletivo não alcance. Ou seja, os mototaxistas não são apenas uma categoria, eles são a prova cabal de que tanto a prefeitura quanto estado são inoperantes em resolver a questão dos transporte.

E se pensam que não tenho solução, eis apenas uma: deixem as cooperativas operarem no sistema urbano. Como elas não visam lucro e sim o bem estar dos cooperados, a margem de lucro cai e a tarifa baixa! Ah, esqueci, não é o bem da população que está sendo objetivado, e sim o dos empresários! Tá explicado!

As cooperativas ainda não decidiram ir para as ruas, pois acreditam na força da negociação por exercerem um direito que foi obtido em 2006. Se forem, vai se repetir o que aconteceu em 2009. Afinal, não há nada que atemorize mais um governo do que o povo nas ruas exigindo os seus direitos. Então, moral da história, se pressionar o poder público, indo às ruas, na Câmara, na Assembléia, na prefeitura e na sede do governo, não dá outra, eles peidam!


2 comentários:

  1. Gostei do texto! Eu sempre achei que mototaxistas são para interiores e não para cidade grande, ainda mais que moto é um risco, assaltos e mortes já envolveram-os! Não aprovo e pronto! Essa parte de que a prefeitura relaxa com a questão dos transportes por terem quem faça o povo ir em lugares restritos, é realmente verdade e não tinha pensado nisso!
    Agora, vai ser sempre essa patifaria! Td questão de interesse e o povo (principalmente os estudantes) vão se ferrando!

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  2. Do jeito que estão indo as coisas, daqui a pouco vão fundar uma cooperativa de carroceiros. Sabia que é uma grande ideia?
    Nos meus tempos de menino no bairro da Compensa, andei muito de carroça com o velho Siriaco, cearense cabeçudo e batalhador. Depois vieram as Kombis lotação e ele aposentou o jumento Faisca. Tentou juntar dinheiro pra comprar uma moto e virar prestanista, mas morreu antes disso.
    Imagina só, a Djalma Batista as 17hs até o talo de mototaxistas, articulados, alternativos, taxis, eu você e no meio um monte de carroças... Cocô de jumento pra cá, de vaca pra lá, iria ficar uma BELEZA!!!
    Afinal de contas o Transporte Coletivo Urbano de Manaus está uma MERDA mesmo, um tolete a mais ou a menos, ninguém iria notar, certo?

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